Sermão de Santo Agostinho sobre o Corpo de Cristo
02.06.2021 - 05:00:00 | 6 minutos de leitura

Próxima quinta-feira celebraremos a Solenidade de Corpus Christi, e embora na época de Santo Agostinho não existisse esta festividade na Igreja, para melhor vivenciar esta data propomos aos nossos leitores um sermão de Santo Agostinho sobre a Eucaristia. Este sermão (227) teve lugar no Domingo da Páscoa.
O presente sermão se encontra no site da Ordem: agustinosrecoletos.com
S E R M Ã O 2 2 7
Tema: O sacramento da Eucaristia.
Lugar: Hipona.
Data: Dia da Páscoa.
Posterior ao ano 412.
Tenho bem presente minha promessa. Havia prometido a vocês que foram batizados explicar, na homilia, o sacramento do Senhor, que agora já vêem e do qual participaram na noite passada. Devem conhecer o que receberam, o que irão receber e o que deverão receber a cada dia. Este pão que vocês vêem sobre o altar, santificado pela palavra de Deus, é o corpo de Cristo. Este cálice, ou seja, o que está contido no cálice, santificado pela palavra de Deus, é o sangue de Cristo. Por meio destas coisas quis o Senhor deixar-nos seu corpo e sangue derramado para a remissão de nossos pecados.
Se o receberam dignamente, vocês são isso mesmo que receberam. Disse, com efeito, o Apóstolo: nós somos muitos, mas um só pão, um só corpo. Eis como explicou o sacramento da mesa do Senhor: nós somos muitos, mas um só pão, um só corpo. Neste pão se indica como devem amar a unidade. Acaso este pão foi feito de um único grão? Não eram, acaso, muitos os grãos de trigo? Mas antes de se tornarem pão estavam separados; se uniram mediante a água depois de terem sido triturados. Se não for moído e amassado com água, o trigo nunca poderá tornar-se isto que chamamos pão. O mesmo aconteceu com vocês: mediante a humilhação do jejum e o rito do exorcismo foram como que moídos. Chegou o batismo, e vocês foram como que amassados com água para serem transformado em pão.
Mas ainda falta o fogo, sem o qual não há pão. Que significa o fogo, quer dizer, a unção com óleo? Posto que o óleo alimenta o fogo, é o símbolo do Espírito Santo. Prestem atenção ao que se lê nos Atos dos Apóstolos, que agora começamos a ler. Hoje começa o livro denominado Atos dos Apóstolos. Quem quer progredir tem como fazê-lo. Quando vocês se reúnem na Igreja, evitem a falação insensata e prestem atenção à Escritura. Nós somos o livro de vocês. Estejam atentos, pois, e pensem que em Pentecostes há de vir o Espírito Santo. E vejam como virá: mostrando-se em labaredas de fogo. Ele nos inspira a caridade. Faz-nos arder para Deus e desprezar o mundo. Queimará nossa palha e purificará nosso coração como se fosse ouro. Depois da água chega o Espírito Santo, que é o fogo, e transforma em pão, que é o corpo de Cristo. E assim se simboliza, de certo modo, a unidade.
Aqui está, pois, a ordem própria dos mistérios. Em primeiro lugar, depois da oração, vocês são exortados a ter o coração elevado. É o que convém aos membros de Cristo. Pois, se vocês foram convertidos em membros de Cristo, onde está a cabeça? Os membros têm uma cabeça. Se a cabeça não tivesse ido adiante, os membros não lhe seguiriam. Onde foi nossa cabeça? O que vocês proclamaram ao recitar o símbolo? Ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos, subiu ao céu e está sentado à direita do Pai. Assim, pois, nossa cabeça está no céu. Por isso, quando é dito: Levantemos o coração, vocês devem responder: O temos levantado ao Senhor. E para que este ter o coração erguido ao Senhor não seja atribuído a suas próprias forças, a seus méritos, a seus suores, sendo um dom de Deus, depois que o povo responde: Temos nosso coração levantado ao Senhor, o sacerdote ou o bispo que é o oferente continua: «Demos graças ao Senhor nosso Deus, pelo nosso coração que está no alto. Demos-lhe graças, porque se ele não nos houvesse concedido, teríamos nosso coração na terra«. E vocês o atestam respondendo: «É digno e justo que demos graças a quem fez com que tenhamos o coração levantado para nossa cabeça.» Logo, depois da santificação do sacrifício de Deus, posto que ele quis que nós mesmos sejamos seu sacrifício, como o demonstrou ao estabelecer aquele primeiro sacrifício de Deus, e nós... - quer dizer, o signo da realidade- o que somos, eis que, quando se termina a santificação, dizemos a oração do Senhor, que vocês aprenderam e recitam de memória. A seguir se diz: «A paz esteja convosco«, e os cristãos se intercambiam o ósculo santo, que é o sinal da paz.
Tenham bem presente na consciência o que indicam os lábios; ou seja, como seus lábios se aproximam aos de teu irmão, de idêntica maneira seu coração não deve afastar-se do dele. Grandes são estes mistérios! Grandes, em verdade. Querem saber como nos são confiados? Disse o Apóstolo: Quem come o corpo de Cristo ou bebe o sangue de Cristo indignamente, é réu do corpo e do sangue do Senhor. Em que consiste recebê-lo indignamente? Em recebê-lo com desprezo, em recebê-lo em espírito de burla. Não o considere desprezível pelo fato de ser visível. O que você vê passa, mas o que é manifestado, e que é invisível, não passa, permanece. Preste atenção ao que se recebe, ao que se come, e se consume. Consome-se, acaso, o corpo de Cristo? Consome-se, acaso, a Igreja ou os membros de Cristo? De nenhum modo. Aqui são purificados, lá são coroados. Portanto, permanecerá o que se significa, ainda que se veja passar o que o significa. Recebam, pois, de maneira que pensem nisso, mantenham a unidade no coração e tenham sempre o coração fixo no alto. Não esteja a esperança de vocês na terra, mas no céu; a fé de vocês deve estar firme em Deus, seja agradável a Deus, pois o que aqui crêem ainda que não vêem, o verão ali onde a alegria não terá fim.
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