A Capela Santo Tomás de Vilanova do Casarão da Fazenda do Centro, em Castelo ES, completou 100 anos!

Frei Mario Aparecido | A Capela Santo Tomás de Vilanova do Casarão da Fazenda do Centro, em Castelo ES, completou 100 anos de funcionamento. A Capela foi sede da evangelização dos agostinianos recoletos no sul do Estado do ES.
Devido a Pandemia, a comunidade só está comemorando agora seu centenário este mês de outubro. O Tríduo preparatório aconteceu nos dias 13, 14 e 15 de outubro. E o dia festivo será no dia 16, domingo.
Frei Mário, celebrou o primeiro dia do tríduo e falou sobre a história da compra da Fazenda feita por frei Manoel Simón, em 1909. Em seguida apresentamos a homilia deste dia.

HOMILIA DO PRIMEIRO DIA DO TRÍDUO DO CENTENÁRIO DA CAPELA DE SANTO TOMÁS DE VILANOVA, FAZENDA DO CENTRO, CASTELO, ES.

            No volume III da História dos Agostinianos Recoletos, do Frei Ángel Martínez Cuesta, OAR, no capítulo XXVI, que trata da presença da Ordem na América do Sul, fala sobre os Agostinianos Recoletos no Estado do Espírito Santo. Sobre a compra da Fazenda do Centro, diz o seguinte: “Ao perceber que o progressivo empobrecimento das terras de Anchieta e Guarapari ia forçando os colonos a buscar outras terras, o padre Manuel se propôs ajuda-los nesta busca. Encontrou uma velha fazenda, abandonada por causa da abolição da escravidão em 1888. Esta media quase 15 mil hectares, e se localizava no município de Castelo. Em seus tempos áureos havia chegado ao número de 600 escravos. Imediatamente percebeu o seu valor e decidiu adquiri-la, mesmo que para isso tivesse que lançar mão de todos os recursos. A fazenda tinha água abundante, bosques virgens, uma grande casa de dois andares, com fachada de 69 metros e bem equipada, casas para colonos, depósitos, engenho de açúcar, dois moinhos e maquinários abundantes.

            Durante a visita canônica de 1908 comentou a ideia com o provincial, que a viu com agrado. Da mesma opinião foi o conselho provincial, que, na sessão de 9 de setembro de 1909, deu luz verde ao projeto. Dois meses depois o padre comprava os dois primeiros lotes, que formavam um total de 1.542 alqueires (7. 363 hectares).

            Iniciava assim uma ambiciosa operação que haveria de superar grandes obstáculos antes de chegar a consolidar-se. Como os recursos das paróquias de Anchieta e Guarapari eram insuficientes para financiar a compra da fazenda, Frei Manuel recorreu a ajuda de dois sócios e ao crédito, assinando hipotecas que estiveram a ponto de por tudo a perder. Logo no início um dos sócios saiu fora e o outro, em agosto de 1912, depois de exigir o pagamento de 10 contos e uma parte de 800 alqueires de terras. Com isso o projeto ficou inteiro nos ombros de Frei Manuel. O horizonte somente começou a clarear somente quando o conselho provincial decidiu assumir a empresa, buscando recursos nas comunidades de Ribeirão Preto, Belém do Pará e da própria Província.

            Nesta data, a fazenda havia se reduzido a 6.118 hectares, das quais a província reservou 630. O resto (5. 488) hectares foi dividido em lotes de 50 hectares, que foram cedidos em condições favoráveis a umas 110 famílias. O colono deveria quitar o pagamento no prazo de 10 anos, que se iniciava a partir do quinto ano depois da assinatura do contrato. Nos primeiros anos poderiam contar com a ajuda dos Frades, que se encarregavam de ajudar no sustento.

            A fazenda chegou a ser o centro econômico e social mais importante da região. A partir de 1916 os Recoletos a converteram também em seu importante foco evangelizador, percorrendo em todas as direções e construindo capelas.” (Martínez Cuesta, Ángel. Historia de los Agustinos Recoletos, vol. III, Madri, 2021)

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