Minha experiência missionária
Notícias da Província
28.10.2019 - 09:05:12 | 5 minutos de leitura

| Frei Rhuam Ferreira Rodrigues de Almeida | Brasil| Quando escutamos o chamado à vocação, nos invade o medo, as preocupações, as dúvidas e as inquietudes. Foi assim com Abraão, com Davi, com Isaías e tantos profetas que também se sentiram “desconcertados” ao escutar a voz de Deus que os chamava. Tantas vidas, uma missão: ser testemunho de um Deus que nos envia. Comigo, não foi diferente. Sou Frei Rhuam Ferreira Rodrigues de Almeida, atualmente resido na Comunidade da Paróquia São José de Queluz e desempenho o labor como Promotor Vocacional na região Norte do Brasil. Tenho 27 anos e há quase 2 anos, vivo no estado do Pará. Nestas poucas linhas, quero contar um pouco de minha experiência missionária na Prelazia do Marajó, lugar que vivi por 1 ano, tempo de inserção à vida comunitária e pastoral. Fui enviado à Paróquia Nossa Senhora da Luz na cidade de Portel (Prelazia do Marajó-Pará) a fim de realizar esta etapa de formação. Foi o então Provincial da extinta Província Santa Rita de Cássia, Frei Nicolás Pérez Aradros, quem propôs o local. No começo, muitas interrogações me assolaram, e essas são inevitáveis: por que eu? O que fazer? O que me espera? Com quem viverei? Por onde começo? Perguntas que expressam nosso lado humano que é cheio de debilidades, mas que são sanadas com palavras cheias de promessas: “Antes que te formasses no ventre de tua mãe, te conhecia e te consagrei para ser profetas entre as nações” (Jr 1,5). Cheguei à Belém no dia 24 de janeiro. Após uns dias na capital paraense, no dia 27 de janeiro embarco para a nova missão. Após 2 anos de encontros vocacionais e 8 anos de formação, estava eu a caminho das missões no Marajó. Literalmente “o barco estava em alto mar”, ou melhor, em alto rio. Este é o único meio de se chegar às comunidades. Acompanhou-me na viagem, aquele que seria meu irmão de comunidade, Frei Tiago Coelho. Minha primeira impressão foi: meu Deus! Quanta água! As belezas ao longo dos rios me encantaram e me encantam ainda hoje a cada viagem! Em meio ao medo e a insegurança, a viagem foi tranquila. Foram 18 horas de barco até Portel, meu novo destino. Na mencionada Paróquia, fui acolhido pelo Prior e Pároco, Frei Manuel Fernandez. Agora, a missão não era mais imagens bonitas de um panfleto ou fotos numa rede social. A missão era real, palpável e estava descortinando-se à minha frente. Tive que vencer meus preconceitos, meus medos, minha insegurança e encarnar-me e fazer encarnar-se tudo o que estudara na vida daquele povo. A Paróquia Nossa Senhora da Luz é composta por 9 comunidades na zona urbana e 109 comunidades ribeirinhas ao longo de três grandes rios: Rio Pacajá, Rio Anapú e Rio Acuti-Pereira. As viagens duram em média de 15-20 dias e quem nos leva é nosso barco, chamado Santo Agostinho. Infelizmente, não pude conhecer muitas comunidades, ora pelo número reduzido de Frades que estávamos, ora pelos diversos afazeres pastorais na cidade, ora pelos compromissos próprios da formação. Porém, posso afirmar, que o melhor curso que realizei, foi viver entre o povo e deles aprender o real sentimento de seguir o Mestre. Pude compartilhar a vida e vocação com muitas pessoas ao longo do ano, crianças, jovens, adultos e idosos. Meu labor principal era a articulação da juventude, embora acompanhava de perto todas as Pastorais e movimentos, por meio de cursos, palestras e espiritualidades. Sempre trajando meu hábito, mesmo num sol de 40 graus, e a alegria sempre estampada no rosto, mostravam o quanto sentia-me realizado onde Deus havia me plantado. As comunidades urbanas eram atendidas semanalmente ou quinzenalmente. O Projeto de Iniciação à Vida Cristã, implantada pelo Pároco, em muito impulsionou a vivência cristã. Parece-nos novidade, mas, o trabalho foi basicamente iniciar as formações de catequistas, organização da Catequese, Ministros da Palavra e Eucaristia, estruturação do dízimo e principalmente o engajamento do Leigo na comunidade. As comunidades ribeirinhas, recebem a visita do Sacerdote apenas uma vez ao ano. Por isso, o desejo era também fazer chegar às lideranças ribeirinhas estas formações. Além dos desafios próprios da vivência da fé, nos deparávamos com o crescente número de protestantes ao longo dos rios. Vilas inteiras “convertem-se” ao protestantismo. Numa delas, inclusive a antiga capela, tornou-se um templo da Assembleia de Deus. Desafios das distâncias, reduzido número de religiosos e Sacerdotes, pobreza, grilagem de terras, falta de formação e o crescente número de jovens marcados pela depressão, automutilação e falta de perspectiva frente o futuro. A dificuldades, pessoais ou sociais, não maiores que as belezas e os aprendizados que vivi: do acolhimento das pessoas, sua abertura à Palavra de Deus e sede de conhecer e amar a Deus e sua Igreja. Essas são experiências que levarei para sempre.Trabalhar na messe. Por vezes me perguntei qual o significado deste convite feito por Jesus. Somente depois de adentrar na realidade pastoral foi que me dei conta da grandiosidade deste convite. Compreendi que vocação é pôr-se a serviço. Isso não é teoria! A experiência na missão no Marajó me fez abrir os horizontes e ver a Igreja, minha vocação, a cultura e as pessoas com outros olhos. A missão nunca sairá de nós, porque a essência da Igreja é ser missionária. Um cântico muito conhecido, chamado “Igreja Marajoara”, cantamos: “a nossa missão salvadora, sem medo devemos cumprir. O tempo chegou e agora, por meio de nós, Deus quer vir”.
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